Por: Bel Florindo e Mi Soares.
Lembro também de conservar o sonho de um dia assistir a uma competição, mas ao mesmo tempo, lembrava que precisava manter os pés no chão, pois esses eventos de nivel mundial sempre aconteciam fora do país, e imagina se um dia eu iria para fora do país?!
Quando criança não temos noção de que longe é o céu, e ainda assim, todos desejamos ir para lá. Literalmente o céu é o limite, quando estamos vivos.
Mas as crianças crescem (ainda bem), adquirem nova visão de mundo, de dinheiro, de distância... de forma que aquilo que até então parecia impossível, hoje se tornou apenas mais um ítem na infinita lista de desejos, cujas metas já estão estabelecidas para tornar tudo plenamente realizável. E pra completar, aquilo que nunca pensei que fosse viver pra ver, aconteceu, meu país foi escolhido como sede da edição dos Jogos Olímpicos de 2016.
Tudo lindo! Tudo maravilhoso! Uma festa que vai marcar nosso país para o resto da vida, salvo o detalhe de estarmos enfrentando tantos problemas internos, estruturais e de ordem política. Problemas imensamente constrangedores, que quase conseguem abafar toda a beleza desse evento tão cheio de significados, tanto para os atletas quanto para os demais amantes do esporte.
Mas esse texto não é para ser mais um textão espinafrando a Cidade Sede, no caso o Rio de Janeiro, e tampouco para ficar ruminando os nossos problemas, pois não existe necessidade de ficar enfiando o dedo em ferida aberta, todos sabemos exatamente onde os nossos “calos apertam”. Na verdade esse texto é para nos ajudar a lembrar, daquilo que estamos quase nos esquecendo, o chamado Espírito Olímpico.
Em época de Olimpíada todos respiram esporte, todos se voltam para o evento. Contagiante, talvez este seja o adjetivo que melhor define a Olimpíada. A atmosfera muda, a rotina da cidade tende a girar em torno dos horários dos jogos, nessa época vale até conseguir uma folguinha do trabalho para assistir a uma apresentação ou outra. E o carioca em especial, melhor que qualquer outro povo no mundo, deve saber nesse momento o quanto essa atmosfera Olímpica mudou/muda e ainda mudará, sua rotina.
Superação de limites, lágrimas de glória ou de desespero se misturam nas quadras, tatames e ginásios. Esse espírito toma conta das emoções, gerando uma vibração única em torno daqueles que duelam, dos que fazem das Olimpíadas o maior espetáculo da Terra. Isso para não citar os leigos (nós), que assistem pela tv, mas que querem ver seu país ganhando mais uma medalha olímpica, e se esta for de outro melhor ainda, porém, mesmo que seja prata ou bronze, será comemorada da mesma maneira, pois o que se quer mesmo é comemorar a vitória do seu país.
Toda essa magia se traduz no esforço de gigantes, em dar o sangue, haja visto nossos atletas, que em sua maioria não tem grandes patrocínios ou ajuda do governo... No valor real que existe em doar-se, no verdadeiro significado de união e patriotismo, porque nesses tempos, todos tem orgulho de servir seu país. O respeito e a compreensão são mais latentes e habituais que de costume, todos se tornam mais solidários, mais humanos e parceiros com seus adversários.
Sabemos que temos problemas graves, tanto organizacionais quanto sistêmicos, e sabemos também que não podemos jamais vendar os olhos para nossa real situação, outubro está aí e teremos nova oportunidade de fazer a diferença. Porém, não podemos negar que esse evento trouxe coisas boas consigo, mas que a melhor delas ainda é toda essa atmosfera rica de humanidade e solidariedade, se existe um real legado de tudo isso, sem sombra de dúvida é este, o tão falado Espírito Olímpico.
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